O terceiro setor precisa de se reinventar a partir de uma lógica de empreendedorismo social. As organizações sem fins lucrativos devem assumir um posicionamento proativo, desenvolvendo modelos de negócio sustentáveis, inovadores e adaptáveis à realidade em constante mudança. O objetivo deve ser alcançar a autonomia operacional e financeira, sem perder de vista a missão social que as define.

Neste contexto, a boa governança deixa de ser um requisito secundário e torna-se um pilar estratégico. Financiadores e parceiros procuram organizações sólidas, bem estruturadas, que demonstrem capacidade de gestão, transparência, responsabilidade e impacto mensurável. A boa governança traduz-se em práticas e mecanismos que asseguram o funcionamento ético, eficiente e participativo das organizações — desde a prestação de contas e a transparência financeira, até ao planeamento estratégico, à gestão de riscos e à avaliação contínua do impacto.

Cada projeto deve ser encarado como uma oportunidade de criar valor social duradouro. Seja através do desenvolvimento de ferramentas de empoderamento juvenil, da promoção da literacia financeira ou da introdução de competências digitais em contextos comunitários, as ONGs têm a responsabilidade de inovar, liderar e inspirar. Para isso, precisam de estruturas internas capazes de sustentar essa ambição, com liderança qualificada, processos claros e uma cultura organizacional orientada para resultados e para o bem comum.

Ser uma organização empreendedora no terceiro setor não significa abandonar os valores da solidariedade, mas sim reforçá-los com eficácia, visão e responsabilidade. A boa governança não é apenas desejável — é essencial para garantir que os recursos disponíveis sejam bem aplicados, que os beneficiários sejam respeitados e que o impacto seja real e transformador.

Empreender socialmente é possível, necessário e urgente. E começa por dentro: com estruturas sólidas, princípios bem definidos e uma governação à altura dos desafios e das oportunidades do nosso tempo.