Celso Athaíde é o exemplo vivo de que a nossa origem não define até onde podemos chegar. Nascido numa favela da Baixada Fluminense, no Brasil, enfrentou dificuldades extremas na infância e adolescência, tendo passado por abrigos públicos e chegado mesmo a viver na rua até aos 16 anos. Foi precisamente este contexto desafiador que acabou por ser a sua maior ferramenta, impulsionando-o a criar negócios sociais capazes de gerar transformação humana e impacto positivo.
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A característica determinante para o seu sucesso foi a capacidade autodidata. Tornou-se autor e coautor de livros best-seller com um olhar crítico e profundo sobre a vida nas favelas brasileiras.
Em 1999, enquanto ativista social, Celso deu um passo decisivo ao fundar, com outros parceiros, a Central Única das Favelas (CUFA), na comunidade Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. Desde então, a CUFA tornou-se a maior organização não governamental focada nas favelas brasileiras, distinguindo-se pela intervenção cultural através do Hip Hop, Basquete de Rua, produções audiovisuais, grafíti, breakdance, entre outras iniciativas sociais. O principal objetivo sempre foi dar voz e criar oportunidades para as comunidades marginalizadas, consolidando-se como uma das organizações mais influentes do Brasil no campo do empreendedorismo social e do desenvolvimento comunitário.
Projetos emblemáticos como a Taça das Favelas, um dos maiores torneios de futebol entre comunidades no mundo, e o Prémio Anu, que reconhece iniciativas transformadoras, posicionaram a CUFA no centro dos debates sobre políticas públicas e desenvolvimento social no Brasil. Durante a pandemia da COVID-19, a CUFA desempenhou ainda um papel crucial na assistência humanitária, ao distribuir milhões de cestas básicas e promover ajuda a famílias vulneráveis.
Graças ao sucesso alcançado no Brasil, a CUFA expandiu-se globalmente e o seu modelo está a ser replicado em diversos países. A expansão começou pela América Latina, em países como Argentina e Colômbia, onde as realidades das comunidades periféricas são semelhantes às brasileiras. Seguiram-se os Estados Unidos e diversos países europeus e o continente africano.
O objetivo central desta expansão é criar redes colaborativas que permitam às favelas e comunidades em risco em todo o mundo partilhar conhecimentos, oportunidades e estratégias de empoderamento. Atualmente o número de representações internacionais já ultrapassa os 60 países e segue a sua expansão de forma acelerada desde 2024.
A CUFA Global diversifica as suas atividades através de investimentos especialmente nas áreas do Empreendedorismo e Economia Criativa, Educação e Capacitação Profissional, Desporto, Cultura, Tecnologia e Inovação.
Em Cabo Verde, assumimos a representação da CUFA desde outubro de 2024 com o compromisso de adaptar o conhecimento e a experiência acumulada pela organização e pelas suas representações internacionais à realidade local. A CUFA é um exemplo concreto de como a mobilização comunitária aliada ao empreendedorismo social gera impacto real e sustentável.
O nosso objetivo enquanto CUFA Cabo Verde é fomentar um forte sentido de identificação cultural com a missão do empreendedorismo social, em que a criação de impacto positivo está na ordem do dia. Por isso, assumimos o compromisso de construir pontes entre as comunidades em maior risco de exclusão social e as oportunidades concretas de transformação, ao promover a identidade cultural cabo-verdiana e a inclusão social.