Segundo o Prémio Nobel da Paz Muhammad Yunus, um negócio social é uma empresa sem fins lucrativos e sem distribuição de dividendos, criada para responder a um propósito social. Tal como uma instituição de caridade, o objetivo central é resolver um problema social. Mas, ao mesmo tempo, por ser uma empresa, precisa de ser financeiramente sustentável, assegurando independência, segurança e a capacidade de se concentrar exclusivamente na criação de impacto duradouro.

Investimento Social = Impacto Humano + Impacto Financeiro – Balai

As mudanças verdadeiras começam de dentro para fora. Essa tem sido a trajetória de Cabo Verde, em articulação com os seus parceiros internacionais. Fala-se muito de investimento e daquilo que torna o nosso país um espaço atrativo para a criação de novas oportunidades de negócio, apesar de não dispor de grandes recursos naturais como outros vizinhos africanos.

O setor do investimento é, no fundo, um mercado como qualquer outro: existe um público interessado, com hábitos e expectativas claras. Qualquer produto tem de ser adaptado ao seu público, e compreender o que vender, a quem vender e em que condições é essencial.

No topo da lista está a estabilidade económica de Cabo Verde. Esta tem sido alcançada, ao longo dos anos, graças a políticas públicas consistentes, mas também devido a um fator essencial: a identidade e a resiliência do povo cabo-verdiano. Desde sempre tivemos a capacidade de pensar em comunidade – nas famílias, nos bairros, nas escolas. A nossa humanidade manifesta-se em gestos concretos. Basta recordar o caso de São Vicente após as chuvas de 10 e 11 de agosto: no dia seguinte, as pessoas já estavam a reconstruir a sua ilha com as próprias mãos, contando com voluntários que vieram de outros pontos do país apenas para ajudar.

É esta capacidade de cuidar do coletivo que nos distingue. Ao longo dos anos, esse espírito consolidou-se tanto em organizações do Estado como da Sociedade Civil, e mais recentemente também nas empresas – das maiores às mais pequenas.

Recordo-me de, numa conferência internacional, um participante uma vez me ter perguntado em jeito de desafio:
O que torna Cabo Verde tão especial?
A resposta foi simples: mesmo com a nossa multiplicidade de origens e culturas, sabemos sempre afirmar-nos como cabo-verdianos. Somos unidos na diferença, e isso tem-nos permitido crescer e mostrar ao mundo que Cabo Verde é um excelente lugar para investir, mesmo perante inúmeros desafios.

É nesta vocação social que se fundamenta a convicção de que chegou o tempo de ver o Terceiro Setor como um espaço de investimento estratégico, capaz de gerar retorno duplo: impacto humano e impacto financeiro.

Se eu cuido do meu consumidor, aumento a probabilidade de ele se tornar leal à minha marca. Se a minha marca transmite valores humanos e apoia iniciativas que geram impacto social, então ganha uma vantagem competitiva no momento em que o consumidor tem a opção de comprar um produto porque sacia as suas necessidades, ou comprar um produto porque se identifica com a marca e com a empresa.

O Kumunidadi Summit é exatamente sobre isto – e muito mais. Nos dias 5 e 6 de dezembro, nas instalações do Banco de Cabo Verde, este evento vai colocar em destaque a urgência de trabalhar o setor social com elevado profissionalismo. Só assim será possível responder eficazmente aos problemas sociais que estão na base da criação de tantas organizações e transformar o impacto social num verdadeiro motor de desenvolvimento.

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